Surpreendente. Essa foi minha reação quando escutei o CD Por que não sabíamos voar (2008), do quinteto O Sebbo. Formado em Curitiba em outubro de 2001, conta em sua formação atual com Rafael Marchiorato (órgão Hammond, piano, piano Fender Rhodes, sintetizadores e vocal), Margareth Blaskievicz (vocal e percussão), Geison Budel (baixo e violão de 12 cordas), Hermann Ruthes (guitarra e vocal) e Marcelo Guedes (bateria).
Na maior parte das faixas apresentam um hard rock progressivo, bastante elaborado e com uma forte pegada, mas demonstrando uma valorização da música brasileira, o que sempre foi uma característica do progressivo nacional, principalmente durante a década de 1970. O acento setentista é sempre nítido e parece caracterizar o repertório e as intenções estilísticas. Destaco no trabalho instrumental as passagens de órgão Hammond B4, os solos e riffs de guitarra, a pulsante e segura dupla baixo-bateria, o trabalho de percussão e os vocais feminino e masculinos, tudo sempre com um som “sujo”, no melhor sentido, o que é uma outra grande característica do bom rock dos anos 70.
Faixas como Leme do Som, Flocos Leves de Arroz, 1º de Outubro (essa com uma bela levada instrumental pinkfloydiana), Vozes Distantes e Mundo de Fantasia trazem influências marcantes de ícones clássicos do rock brasileiro em seus momentos mais progressivos e pesados, como O Terço, Mutantes, Casa das Máquinas, A Bolha, Pholhas, Recordando o Vale das Maçãs entre outros, tanto nos arranjos quanto na poética. O mesmo ocorre na bela e lúdica De Fato, dessa vez mostrando forte influência dos Secos & Molhados em seus melhores momentos. Já em O Sol Vai Brilhar, Tempo ao Tempo, Um Sonho e Nada Mais revelam o lado mais heavy do grupo, mesclando toques de hard blues. Em Não Brinque Comigo eles fazem um rock à la Allman Brothers , porém, com uma levada fortemente funky. Degrau é um folk elétrico de tonalidades psicodélicas e progressivas, com um toque épico, em andamento downtempo e com uma bela passagem orquestral. O CD encerra lá em cima com a pancadaria latina de Feitiço, que poderia ter sido tirada de um Santana em sua melhor fase fusion-progressiva, em discos como Caravanserai e Borboleta.
A despeito do nome do CD, O Sebbo voa, sim. Voa alto e soa bem.
Abram as asas e alcancem uma cópia. Abraçonoros e até a próxima decolagem.
(Publicada originalmente em 2009)
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