sexta-feira, 30 de abril de 2010

Arco Iris e Gustavo Santaolalla: do rock argentino às trilhas de Hollywood

Aproveitando a recente passagem do argentino Gustavo Santaolalla pelo Brasil – quando se apresentou com o grupo de tango eletrônico Bajofondo Tango Club – abordaremos, neste Labo B, o hoje oscarizado autor de trilhas sonoras para Hollywood, como as de O segredo de Brokeback Moutain, Diarios de motocicleta e Babel. Salvo algum engano de minha parte, não vi na mídia nenhuma alusão ao passado musical desse guitarrista e vocalista, egresso de uma das maiores lendas do rock sul-americano: o grupo argentino de rock progressivo e fusion Arco Iris. Formado ainda nos anos 60 pelo próprio Santaolalla (voz e guitarra), Ara Tokatlián  (teclados e sopros) e Guillermo Bordarampé (baixo), e após algum tempo, por Horacio Gianello (bateria e percussão) e Danais Dana Tokatlián (modelo que se tornou a musa espiritual e vocalista do grupo, além de esposa de Ara). Eles foram um dos precursores na incorporação de elementos da música folk andina sul-americana ao rock, inicialmente com tonalidades psicodélicas e posteriormente progressivo-sinfônicas e jazz-rock.

Seguindo a trilha rock-folk, o grupo lançou os LPs Arco Iris (1970), Tiempo de resurrección (71), Suite nº1 (71), a ópera rock Sudamérica o el regreso a la aurora (72), Inti raymi (73), além de diversos compactos. Em 74 lançam o álbum de progressivo sinfônico Agitor lucens V. Sem Santaolalla, que parte para se radicar nos Estados Unidos, e capitaneado por Tokatlián e Dana, o grupo lançou os discos Los elementales (77) – enveredando pelo jazz-rock ao melhor estilo do Soft Machine e Return to Forever, e contanto com Ignacio Elizabetsky (guitarra) e Mario Cortez (teclados) em sua formação. Em 78 o grupo segue para os EUA, onde tocam com Herbie Hancock, Lalo Schifrin, Chester Thompson e outros. Nos anos seguintes, direcionam seu estilo para um jazz com toques de rock, folk latino e ocasionais toques de experimentalismo, presentes nos discos Cóndor (80), Faisán Azul (86), Pipas de la paz (88), In memoriam (92), Peace will save the rainbow (96), Arco Iris em vivo hoy e En vivo (ambos de 2000).

Ao sair do Arco Iris em 75, Santaolalla iniciou sua participação em outros projetos musicais, como o grupo folk Soluna, que gravou apenas um LP, Soluna, em 77; além de iniciar sua carreira de produtor e autor de trilhas sonoras, como as já citadas. Ara Tokatlián seguiu o mesmo caminho, se dedicando às trilhas para longas-metragens, documentários e comercias, como músico de estúdio e compositor.

Até a próxima semana!

(Publicada originalmente 2007)

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