sexta-feira, 30 de abril de 2010

Peyote e Espinha de Peixe: progressivos dos anos 2000

A música feita no Brasil é uma eterna fonte de ótimas surpresas para todo pesquisador e colecionador de discos, de quaisquer estilos, uma verdadeira Cornucópia de bons sons. Exemplos disso são os CDs lançados por dois grupos no início dos anos 2000, o Peyote e o Espinha de Peixe.

Surgido em Niterói, RJ, o trio Espinha de Peixe, formado por João (voz e violão de 12 cordas), Pardal (voz e violão) e Moreira (flauta, voz e gaita), além de diversos convidados, editou seu único e homônimo CD em 2001, de forma independente, em uma tiragem de pouquíssimas cópias, nunca comercializadas. Fazendo uma fusão de inspiração setentista, mesclam o rock progressivo com a MPB e soam como uma combinação bastante interessante de Alceu Valença, os folk-hippies-ácidos nordestinos dos anos 70 e o Jethro Tull, ícone do blues-progressivo britânico. O som é fortemente marcado pela utilização de flautas, guitarras pesadas, violões folk e uma bateria poderosa. Dentre as 10 faixas do CD, destaco as belas Cavalos de areia, O trem, Menina, Reflexos, Fogo (instrumental), Peixe-boi e Verticalizar, que sintetizam toda sua proposta musical.

O Peyote, surgido em Belo Horizonte em meados de 1997, lançou seu único CD, Abstrato, também de modo independente, em 2002, com uma tiragem de apenas 500 cópias. Nesse excepcional CD-EP o grupo também nos traz um rock progressivo com toques de MPB, acrescido de influências do psicodelismo e do hard rock, nas cinco e bastante elaboradas faixas que o compõem: Cerimonia do peyote, Semente de cactus, Glorias, O baile e Boemia. Destaque para as guitarras (com pedais wah-wah inclusive) de Rodrigo Ferreira e Henrique Porfírio e as flautas de Pedro Ladeira (também nos vocais). Integravam o grupo, ainda, Frederico Abreu (bateria) e Dauler Gomes (baixo). Para completar a qualidade do trabalho, uma belíssima capa digipack de tonalidades e inspiração psicodélicas, acompanhada de um livreto de 12 paginas com as letras e textos inspirados no livro Mandala, de Roger Hein. Eles continuam gravando esporadicamente e duas de suas novas músicas, Bambu oco e Extremos, seguem o estilo do CD, mas com um pouco mais de peso nas guitarras, e com os novos integrantes Alexandre Arnoni (bateria), Fernando (baixo) e Léo Dias (vocal). Como detalhe, o disco teve uma prensagem em 2004, encartado na revista norte-americana While you were sleeping, quando Rodrigo fazia seus
estudos de guitarra nos EUA.

Até a próxima. E som na caixa!

(Publicada originalmente em 2007)

Nenhum comentário:

Postar um comentário