sexta-feira, 30 de abril de 2010

O Tremendão cai no rock... e na MPB!

Continuando a enfocar os discos ovelhas-negras – no melhor sentido! – das carreiras de artistas originários da Jovem Guarda, vou abordar, desta vez, alguns discos lançados por Erasmo Carlos que, cercando-se do que havia de melhor à época entre músicos e arranjadores, adentrou os anos 70 fazendo um som a kilômetros de distância dos seus lançamentos anteriores. Como exemplo, cito a faixa Capoeirada, uma surpreendente afro-bossa em andamento up-tempo, na qual ele é acompanhado pelo grupos, hoje cult, Som Três e pelo grupo vocal O Quarteto. Editada em compacto e no LP 14 Sucessos do III festival da MPB, dava claros indícios de seu re-direcionamento musical, o que ficaria ainda mais evidente em seus LPs dos anos de 67, 68 e 70.

Em 1971 é editado Carlos, Erasmo, considerado por muitos como um dos melhores LPs da carreira do cantor. Magistralmente arranjado pelo maestro da Tropicalia, Rogério Duprat, por Arthur Verocai e Chiquinho de Moraes, este disco apresenta forte influência da psicodelia e da filosofia hippy, trazendo o auxílio luxuoso de Sérgio Dias (guitarra), Dinho Leme (bateria) e Liminha (baixo), todos dos Mutantes, do mítico guitarrista Lanny Gordin, membros do lendário grupo de hard rock O Peso, entre outros.

Dessa fase emerge também Sonhos e memórias 1942.1972, que considero seu ápice. O som é uma fusão que soa como uma MPB hippy-psicodélica com influências do rock progressivo e do rock rural. Nele, Erasmo é acompanhado por músicos da estirpe de Alex Malheiros (baixo), José Roberto Bertrami (teclados) e Ivan ‘Mamão’ Conti (bateria) – formação do futuro grupo Azimuth), Pedrinho, do Som nosso de cada dia (baixo), Luiz Paulo Simas, do Módulo 1000 (sintetizador, órgão e piano), Tavito, do Som imaginário (guitarra), Jorge Amiden, d’O Terço e Karma (guitarra), Lafayette (piano), Robertinho Silva, do Som imaginário (bateria), Luizão Maia (baixo), entre outros.

A Banda dos Contentes, de 1976, é um disco conceitual, onde o rock flerta com a MPB. Apresenta clássicos como Continente perdido (terra de montezuma), Paralelas e Filho único. Traz em sua ficha técnica músicos da importancia de Antonio Adolfo, o trio progressivo Karma, Gastão Lamounier, Rick, Gabriel O’Meara, Rubão Sabino, Jorge Amiden, Liminha, Ruy Maurity, Pascoal Meirelles e outros.

Por falta de espaço aqui, vou apenas citar o também importante 1990 – Projeto salva terra, de 1974. Vale a audição!

(Publicada originalmente 2007)

Nenhum comentário:

Postar um comentário