sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Jovem Guarda sai do Porão – I

A reedição em vinil e CD dos LPs de Ronnie Von que integram sua trilogia psicodélica vem causando um certo espanto e curiosidade no público não afeito ao rock brasileiro dos anos 60 e 70, pelo estilo inusitado destes discos no contexto da carreira do cantor. Aproveitando, vou abordar nessa e em outras colunas posteriormente, alguns discos diferentes no histórico de artistas do pop brasileiro como Erasmo Carlos, Wanderlea, Eduardo Araújo, Vanusa, Leno (de Leno & Lilian), Fevers e outros.

Wanderlea em meados dos anos 70 daria uma guinada radical em sua imagem de ídolo da Jovem Guarda e rumaria em direção a uma vertente mais politizada e sofisticada da MPB, com o lançamento dos LPs Feito gente (nas verdes varandas da noite) (75), Vamos que eu já vou (77) e Wanderlea: mais que a paixão (78). Chamo a atenção para o fato de que uma importante parcela desse re-direcionamento estilístico deveu-se à influência do músico Egberto Gismonti, seu marido à época.

Feito gente (nas verdes varandas da noite), gravado ao vivo e com direção musical de Rosinha de Valença, têm influências de jazz, funk, blues e samba, mostrando o que podemos chamar de MPB de fusão. Inclui faixas de João Donato e Gilberto Gil, Joyce, Jorge Mautner, Luiz Melodia, Gonzaguinha e Suely Costa, acompanhada por músicos do naipe de Hélvius Vilela (piano), Fredera (guitarra) e Rubão Sabino (baixo).

Vamos que eu já vou é “O” disco de Wanderlea, com influência explícita de Egberto Gismonti, que além de ter feito os arranjos e a produção, toca sintetizadores, pianos, violões, violas, escaleta e percussão. O estilo aqui é totalmente jazzy e funky, com uma orientação bastante experimental, se assemelhando a uma mescla dos estilos de Milton Nascimento & Som Imaginário, Gismonti, A Barca do Sol e Elis Regina!! Feras participantes do disco: Robertinho Silva (bateria), Luiz Alves (baixo), Altay Veloso (guitarra), e outros. As faixas são de Gismonti (Calypso, Carmo e Educação Sentimental, com Geraldo Carneiro), Altay, Gonzaguinha, Rosinha de Valença e outros.

Wanderlea: mais que a paixão, um pouco menos experimental que o anterior, também tem fortes influências de jazz, funk, blues, samba e música nordestina. Apresenta Gismonti (piano em Mais que a Paixão), Djavan (violão em O Canto da Lira) e Moraes Moreira (em Fruto Maduro), em faixas de Gonzaguinha, Djavan, Fátima Guedes, Capinan e Marlui Miranda, além do próprio Gismonti.

Até o próximo episódio!

(Publicada originalmente 2007)

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