sexta-feira, 30 de abril de 2010

Hawkwind: Os Lordes da Guerra Psicodélica

Estava escrevendo essa coluna, ainda eufórico com a notícia sobre os shows do lendário grupo de space rock Hawkwind, quando soube do cancelamento da turnê brasileira deles. Confesso que estou absolutamente decepcionado, mas... rei morto, rei posto. Aí vai minha pequena homenagem a um dos grupos mais importantes do underground planetário. Como fã de longuíssima data, eu poderia escrever a respeito deles durante horas, mas nosso espaço não permite viagens tão longas – principalmente em se tratando de um grupo em plena atividade desde o fim da década de sessenta.

Formado em 1969 nos bairros de Notting Hill e Ladbroke Grove, arredores de Londres e berço da contracultura e do underground ingleses, o grupo foi o criador do space rock, derivação do rock psicodélico altamente influenciada pelo uso do LSD e substancias congêneres. Autodenominados Psychedelic warlords (título de uma de suas músicas), suas letras sempre foram marcadas pela presença de temas como ficção científica e drogas. Porém, nunca se deixaram marcar pela alienação, já que a abordagem de temas envolvendo política, crítica social e terrorismo são uma constante em suas músicas. O som sempre foi altamente energético, pesado, marcado pela experimentação e pelo uso de guitarras chapadas, sintetizadores planantes, ruídos eletrônicos, sax e flauta ensandecidas, bateria pesada, baixo pulsante e violino hipnótico. As músicas são essencialmente longas, densas, algo angustiantes – trilhas sonoras para viagens nada new age.

A formação deles sempre foi extremamente variável. Idas e vindas em épocas distintas foram comuns, como nos casos de Bob Calvert (vocal e poesias), Michael Moorcock (vocal e poesias – também escritor de ficção científica e magia & barbarismo), Nik Turner (sax, flauta), Simon House (violino, teclados, Mellotron), Martin Griffin (bateria), Huw Lloyd-Langton (guitarra, vocal), Harvey Bainbridge (baixo, teclados, vocal), Tim Blake (teclados, vocal), Alan Davey (baixo, teclados, vocal) e Jerry Richards (guitarra, teclados, vocal). Capitaneando os falcões desde os primórdios, o tresloucado guitarrista, tecladista e vocalista Dave Brock. Com o tempo, as asas do Hawkwind se expandiram e alguns de seus membros formaram outros grupos: Nik Turner’s Sphinx, Michael Moorcock and The Deep Fix, Melodic Energy Commision (do tecladista Del Dettmar) e Motörhead (do baixista e vocalista Lemmy Kilmister).

A discografia, tanto oficial como pirata, é enorme, mas meu destaque vai para os discos Hawkwind (70 – com o hino Be yourself), In search of space (71), Doremi fasol latido (72), Space ritual (73), Space ritual vol. 2 (85 – com gravações de 72), Hall of the mountain grill (74), Warrior on the edge of time (75), Hawklords (80 – neste, o grupo muda de nome devido a razões contratuais), Levitation (80), Sonic assassins (82 – EP com gravações ao vivo de 77) e, ainda, o teatral Captain Lockheed and the Starfighters (74 – solo de Bob Calvert com a participação do próprio HW, de Brian Eno etc) e Xitintoday (78 – solo de Nik Turner, acompanhado de Steve Hillage, Tim Blake e outros).

Aos que ainda não conhecem o grupo, recomendo correrem atrás, pois eles são história do rock. Boa viagem!

(Publicada originalmente em 2007) 

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